Literatura

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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

LEITURA E COMPREENSÃO DO TEXTO EXIGEM CONHECIMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E UM PENSAMENTO CRÍTICO




1.    INTRODUÇÃO

            Este trabalho tem como objetivo analisa o texto de Antonio Candido “O Discurso e A cidade” Observando os seguintes componentes, trechos onde o autor, a analise, apreciação e a interpretação do romance “Memória de um Sargento de Milícias” de Joaquim de Manuel de Macedo e no texto de Ferreira Gullar identificar passagens da teoria literária, história literária e crítica literária.
Traremos um pouco de teoria para embasar nossas argumentações sobre o referido texto. A literatura tem ao longo do tempo sofrido transformações dentro do processo de recepção como veremos o referido texto.
            Buscamos através de uma pesquisa de analítica qualitativa compreender um pouco sobre o que disseram Candido sobre o texto de Macedo e Gullar Sobre Augusto dos Anjos. Interpretando com a ajuda de autores como Massoud Mosés.
           
  
2.    Dialética da Malandragem

Podemos identificar analise nos seguintes trechos: “O livro de Manuel Antonio de Macedo e contado em terceira pessoas por um narrador”. CANDIDO (p. 21 1993)
O nosso Leonardo (personagem), embora desprovido de paixão, tem sentimentos mais sinceros nesse terreno, e em parte o livro é a história do seu amor cheio de obstáculos pela sonsa Luisinha, com que termina casado, depois de promovido reformado e dono de cinco heranças que vem lhe cair nas mãos sem que mova uma palha. (Enredo) CANDIDO (p. 24 1993)
Antonio Manuel de Macedo é de um vocabulário limpo. (p. 25)
Restrito espacialmente, a sua ação decorre no Rio de Janeiro, sobretudo no que são hoje as áreas centrais e naquele tempo o grosso da cidade. (Espaço) (p. 31)
Aos trechos acima citados são exemplos de analise, que Antonio Candido fez do livro memórias de um sargento de milícia, de Manuel Antonio de Almeida. Pois, segundo MOISÉS (p. 13 1987) a analise define-se como um processo de conhecimento da realidade, para o qual o analista teria que decompor o objeto analisado em suas partes fundamentais. Assim quando Candido nos traz passagens do texto mostrando os elementos que o compõe ele esta analisando o texto em si.
Já no da interpretação e da apreciação teremos um pequeno problema. O que interpretar, e será que apreciar não seria a mesma coisa? Vermos os trechos da interpretação primeiro.
 O malandro como o pícaro, é espécie de um gênero mais amplo de aventureiros astuciosos, comum a todos os folclores. Já notadamente, com efeito, que Leonardo pratica a astúcia pela astúcia (mesmo quando ela tem por finalidade safá-lo de uma enrascada), manifesta um amor pelo jogo-em-si que o afasta do pragmatismo dos pícaros, cuja a malandragem visa quase sempre ao proveito ou a um problema lesando freguentimente terceiros na sua solução.
      Este trecho do texto se enquadra muito bem no que KOCH (p. 26, 1998) define para a produção de sentido. Para o processamento textual contribuem três grandes sistemas do conhecimento: o lingüístico, o enciclopédico e o interacional. Deste ponto podemos dizer que Candido usou os três sistemas no trecho acima.
Vejamos: Ele usou do conhecimento que tem da estrutura da língua (linguístico), para fazer suas primeiras suposições sobre o texto em questão, depois, com a ajuda o conhecimento enciclopédico, analisou as intenções do personagem, interagindo desta forma a construiu suas interpretações finais.
O caso da apreciação, é quando o autor de um texto crítico faz umas colocações sobre o texto criticado. Candido em vários momentos aprecia o texto de Macedo. Interpela, compara e define, com veremos a seguir:
O romance de tipo realista, arcaico ou moderno, comunica sempre uma certa visão da sociedade, cujo as aspectos e significação procura traduzir em termos de arte. É mais duvidoso que dê uma visão informativa, pois geralmente só podemos avaliar a fidelidade da representação através de comparações com os dados que tomamos a documento de outro tipo. Isto posto, resta o fato que o livro de Manuel Antonio de Macedo sugere a presença viva de uma sociedade que nos parece bastante coerente e existente, e que ligamos à do Rio de Janeiro do começo do século XIX.

3.    Augusto dos Anjos ou Morte e vida nordestina

Faz-se necessário contrapor os três conceitos que iremos observar mais adiante, teoria literária, crítica literária e história literária. A crítica literária utiliza-se da compreensão da vida e do ambiente em que o autor viveu, para que desta forma possa explicar a obra do autor. A teoria da literatura estuda a obra, o autor, o leitor e todo o processo que envolve as obras literárias. E é com base na teoria da literatura que analisa as obras literárias. A história literária trata do registro literário em seu contexto histórico.
Como veremos abaixo temos um exemplo de crítica literária:
No ambiente do recife, em cuja Faculdade de Direito se formará em 1907, Augusto entrará em contato com o espírito cientifico que se tornava tradição da famosa Escola do Recife, ali, certamente tomou conhecimento das várias doutrinas derivadas do materialismo evolucionista (Comte, Haeckel, Darvin, Spencer) que marcaria profundamente sua poesia.
Agora o trecho traz um pouco de história da literatura:
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
Na época em que Augusto faz semelhante afirmação, no ambiente literário brasileiro impera a futilidade. Como observou Francisco de Assis Barbosa, o Eu aparece num período em que “predominava” a literatura chamada de “Sorriso da Sociedade”. Conforme testemunha Gilberto Amado, multiplicava-se as conferencias sobre temas como “Casar e bom...” e, com replicas, “...Mas não casar é melhor”. “ A Moda das conferencias literárias propagadas do Rio, contagiava o Recife. Figura-se ho0je incompreensível o espetáculo de futilização intelectual de um país inteiro, igual ao que nos oferece o Brasil nesse período”.
Certamente não desciam a essa futilidade poetas como Bilac, Alberto de Oliveira ou Vicente Carvalho. Mas não estaremos longe da verdade se dissermos que essa subliteratura é também decorrência de uma consepção literária anterior que, no fundamental, descarta as questões verdadeiras e, quando as toma como tema, toma-as “literariamente”, sem um compromisso mais profundo com elas.
A Teoria literária se encontra:
O lodo obscuro trepa-se nas portas.
Amontoadas em grossos feixes rijos,
As lagartixas, dos esconderijos,
Estão olhando aquelas coisas mortas!
E mais uma vez nos deparamos com a estranha e extraordinária visão poética de Augusto dos Anjos. O passar do tempo, a decrepitude, a solidão, não as exprime através de conceitos ou imagens histórico- literária; exprime-as com os próprios elementos dessa ruína anônima e vulgar, as lagartixas, que se encontram nos muros velhos do Nordeste, são transformada pelo poeta em testemunhas da história, do trabalho destruidor do tempo. Subitamente, o poeta abdica de sua posição de observador para ver as ruínas pelos olhos das lagartixas que, dos esconderijos, “estão olhando aquelas coisas mortas”. É a expressão consumada e extrema do abandono, já que esses bichos são também as ruínas, pertencem a elas como o lodo e o capim, é como se as próprias ruínas se mirassem a si mesmas, se vissem morrer.

4.    CONCLUSÃO
Podemos concluir que, ao analisarmos qualquer texto devemos ter em mãos conhecimentos que vão tirar dentro do próprio texto sua argumentação. Ou seja, devemos ter o texto como base prioritária de consultar, porém, não dá para interpretá-lo sem que tenhamos um mínimo de conhecimento teórico e histórico sobre o contexto de produção da obra.

REFERÊNCIAS:

CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo. Duas Cidades, 1993.
GULLAR, Ferreira. Augusto dos anjos morte e vida Nordestina.

MOISÉS, Massoud. A analise literária. 8. Ed. São Paulo. Contrix, 1987.

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