1.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo
analisa o texto de Antonio Candido “O Discurso e A cidade” Observando os
seguintes componentes, trechos onde o autor, a analise, apreciação e a
interpretação do romance “Memória de um Sargento de Milícias” de Joaquim de
Manuel de Macedo e no texto de Ferreira Gullar identificar passagens da teoria
literária, história literária e crítica literária.
Traremos
um pouco de teoria para embasar nossas argumentações sobre o referido texto. A
literatura tem ao longo do tempo sofrido transformações dentro do processo de
recepção como veremos o referido texto.
Buscamos através de uma pesquisa de analítica
qualitativa compreender um pouco sobre o que disseram Candido sobre o texto de
Macedo e Gullar Sobre Augusto dos Anjos. Interpretando com a ajuda de autores
como Massoud Mosés.
2.
Dialética
da Malandragem
Podemos
identificar analise nos seguintes trechos: “O livro de Manuel Antonio de Macedo
e contado em terceira pessoas por um narrador”.
CANDIDO (p. 21 1993)
O
nosso Leonardo (personagem), embora
desprovido de paixão, tem sentimentos mais sinceros nesse terreno, e em parte o
livro é a história do seu amor cheio de obstáculos pela sonsa Luisinha, com que
termina casado, depois de promovido reformado e dono de cinco heranças que vem
lhe cair nas mãos sem que mova uma palha. (Enredo)
CANDIDO (p. 24 1993)
Antonio
Manuel de Macedo é de um vocabulário limpo.
(p. 25)
Restrito
espacialmente, a sua ação decorre no Rio de Janeiro, sobretudo no que são hoje
as áreas centrais e naquele tempo o grosso da cidade. (Espaço) (p. 31)
Aos
trechos acima citados são exemplos de analise, que Antonio Candido fez do livro
memórias de um sargento de milícia, de
Manuel Antonio de Almeida. Pois, segundo MOISÉS (p. 13 1987) a analise
define-se como um processo de conhecimento da realidade, para o qual o analista
teria que decompor o objeto analisado em suas partes fundamentais. Assim quando
Candido nos traz passagens do texto mostrando os elementos que o compõe ele
esta analisando o texto em si.
Já
no da interpretação e da apreciação teremos um pequeno problema. O que
interpretar, e será que apreciar não seria a mesma coisa? Vermos os trechos da
interpretação primeiro.
O malandro como o pícaro, é espécie de um
gênero mais amplo de aventureiros astuciosos, comum a todos os folclores. Já
notadamente, com efeito, que Leonardo pratica a astúcia pela astúcia (mesmo quando
ela tem por finalidade safá-lo de uma enrascada), manifesta um amor pelo
jogo-em-si que o afasta do pragmatismo dos pícaros, cuja a malandragem visa
quase sempre ao proveito ou a um problema lesando freguentimente terceiros na
sua solução.
Este trecho do texto se enquadra muito bem
no que KOCH (p. 26, 1998) define para a produção de sentido. Para o
processamento textual contribuem três grandes sistemas do conhecimento: o
lingüístico, o enciclopédico e o interacional. Deste ponto podemos dizer que
Candido usou os três sistemas no trecho acima.
Vejamos:
Ele usou do conhecimento que tem da estrutura da língua (linguístico), para
fazer suas primeiras suposições sobre o texto em questão, depois, com a ajuda o
conhecimento enciclopédico, analisou as intenções do personagem, interagindo
desta forma a construiu suas interpretações finais.
O
caso da apreciação, é quando o autor de um texto crítico faz umas colocações
sobre o texto criticado. Candido em vários momentos aprecia o texto de Macedo.
Interpela, compara e define, com veremos a seguir:
O
romance de tipo realista, arcaico ou moderno, comunica sempre uma certa visão
da sociedade, cujo as aspectos e significação procura traduzir em termos de
arte. É mais duvidoso que dê uma visão informativa, pois geralmente só podemos
avaliar a fidelidade da representação através de comparações com os dados que
tomamos a documento de outro tipo. Isto posto, resta o fato que o livro de
Manuel Antonio de Macedo sugere a presença viva de uma sociedade que nos parece
bastante coerente e existente, e que ligamos à do Rio de Janeiro do começo do
século XIX.
3. Augusto
dos Anjos ou Morte e vida nordestina
Faz-se
necessário contrapor os três conceitos que iremos observar mais adiante, teoria
literária, crítica literária e história literária. A crítica literária
utiliza-se da compreensão da vida e do ambiente em que o autor viveu, para que
desta forma possa explicar a obra do autor. A teoria da literatura estuda a obra, o autor, o leitor e
todo o processo que envolve as obras literárias. E é com base na teoria da
literatura que analisa as obras literárias. A história literária trata do
registro literário em seu contexto histórico.
Como veremos abaixo temos um exemplo de crítica
literária:
No ambiente do recife, em cuja Faculdade de
Direito se formará em 1907, Augusto entrará em contato com o espírito
cientifico que se tornava tradição da famosa Escola do Recife, ali, certamente
tomou conhecimento das várias doutrinas derivadas do materialismo evolucionista
(Comte, Haeckel, Darvin, Spencer) que marcaria profundamente sua poesia.
Agora
o trecho traz um pouco de história da literatura:
Amo o esterco, os
resíduos ruins dos quiosques
Na
época em que Augusto faz semelhante afirmação, no ambiente literário brasileiro
impera a futilidade. Como observou Francisco de Assis Barbosa, o Eu aparece num
período em que “predominava” a literatura chamada de “Sorriso da Sociedade”.
Conforme testemunha Gilberto Amado, multiplicava-se as conferencias sobre temas
como “Casar e bom...” e, com replicas, “...Mas não casar é melhor”. “ A Moda
das conferencias literárias propagadas do Rio, contagiava o Recife. Figura-se
ho0je incompreensível o espetáculo de futilização intelectual de um país
inteiro, igual ao que nos oferece o Brasil nesse período”.
Certamente
não desciam a essa futilidade poetas como Bilac, Alberto de Oliveira ou Vicente
Carvalho. Mas não estaremos longe da verdade se dissermos que essa subliteratura
é também decorrência de uma consepção literária anterior que, no fundamental,
descarta as questões verdadeiras e, quando as toma como tema, toma-as
“literariamente”, sem um compromisso mais profundo com elas.
A
Teoria literária se encontra:
O lodo obscuro
trepa-se nas portas.
Amontoadas em grossos
feixes rijos,
As lagartixas, dos
esconderijos,
Estão olhando aquelas
coisas mortas!
E
mais uma vez nos deparamos com a estranha e extraordinária visão poética de
Augusto dos Anjos. O passar do tempo, a decrepitude, a solidão, não as exprime
através de conceitos ou imagens histórico- literária; exprime-as com os
próprios elementos dessa ruína anônima e vulgar, as lagartixas, que se encontram
nos muros velhos do Nordeste, são transformada pelo poeta em testemunhas da
história, do trabalho destruidor do tempo. Subitamente, o poeta abdica de sua
posição de observador para ver as ruínas pelos olhos das lagartixas que, dos
esconderijos, “estão olhando aquelas coisas mortas”. É a expressão consumada e
extrema do abandono, já que esses bichos são também as ruínas, pertencem a elas
como o lodo e o capim, é como se as próprias ruínas se mirassem a si mesmas, se
vissem morrer.
4.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que, ao analisarmos qualquer texto devemos ter
em mãos conhecimentos que vão tirar dentro do próprio texto sua argumentação.
Ou seja, devemos ter o texto como base prioritária de consultar, porém, não dá
para interpretá-lo sem que tenhamos um mínimo de conhecimento teórico e
histórico sobre o contexto de produção da obra.
REFERÊNCIAS:
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo. Duas
Cidades, 1993.
GULLAR, Ferreira. Augusto dos anjos morte e vida Nordestina.
MOISÉS, Massoud. A analise literária. 8. Ed. São Paulo. Contrix,
1987.